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Plaatje vlag West Papua

Irián Ocidental (hoje [2005] West Papua - Papua Ocidental), um outro Timor

Bert Ernste, jornalista Holandês, 1983

Ainda mais esquecida do que a questão do Timor Leste é a situação no Irián Ocidental. Vinte e um anos atrás, a Holanda desocupou aquele território que então tinha o nome de Nova Guiné Holandesa. Os Holandeses foram-se embora no primeiro de Outubro de 1962 e a ONU tomou posse temporariamente. Sete meses depois, no dia 1 de Maio de 1983, a Nova Guiné Ocidental foi integrada na República Indonésia, sob o nome de Irián Ocidental.

Mas a história não é tão simples assim. Após a segunda guerra mundial e a ocupação pelos japoneses daquela área, a Índia Holandesa tornou-se independente sob o nome de Indonésia. Os Holandeses só mantiveram o controle sobre a Nova Guiné. Durante 13 anos os Holandeses conseguiram opôr-se às tentativas por parte da Indonésia para integrar aquele território na sua república. Durante este período os Holandeses tiveram o apoio dos EUA, mas quando este país modificou a sua política e começou a apoiar a Indonésia para que ela não se tornasse comunista, os holandeses tiveram que ceder a Nova Guiné.

O tratado que regulava a evacuação, estipulava que os Papuas, os habitantes indígenas da Nova Guiné, teriam o direito a exprimir-se em favor ou contra a integração na República Indonésia. Como no caso do Timor Leste, os Indonésios fraudaram o voto: nomearam 1.025 ‘representantes’ do povo e estes votaram em nome de quase um milhão de Papuas. Mesmo assim os Indonésios tiveram que intimidar os representantes, entre outros pela presença de tropas, para chegar a um voto unánimo em favor da integração na Indonésia. A ONU aceitou estas eleições como sendo segundo o tratado apesar dos relatórios dos representantes da ONU presentes durante a votação, que exprimiram fortes dúvidas sobre o assunto.

Desde então o mundo esqueceu-se dos Papuas. Os Papuas são um povo Melanésio e não Asiático. Poder-se-ia dizer que os Papuas são mais parecidos com Africanos do que com Asiáticos e foi por isso que os Espanhóis deram o nome Nova Guiné àquele território. Os Indonésios tratam os Papuas como primitivos e discriminam contra eles. Muitos imigrantes Indonésios estabeleceram-se no Irián Ocidental e obtiveram terras do governo Indonésio, enquanto em contrapartida muitos Papuas perderam as suas terras. Os Asmat, uma tribo Papua, são forçados a trabalhar para os militares Indonésios cortando árvores sem receber qualquer pagamento. Os direitos humanos dos Papuas não são observados pelos Indonésios de maneira nenhuma.

No entanto pode-se dizer que houve um certo desenvolvimento económico no Irián Ocidental desde a posse por parte da Indonésia. Só que os Papuas não têm proveito deste desenvolvimento. Cada vez menos Papuas trabalham nas empresas mineiras e petroleiros e os Papuas não recebem parte dos lucros obtidos no seu próprio país. Ao contrário, muitos Papuas tiveram que ceder as suas terras e foram forçados a retirar-se afim de dar lugar para as companhias Indonésias sem receber qualquer indemnização.

Nesta situação não é de admirar que os Papuas se oponham ao governo Indonésio, como no Timor Leste. A OPM (Organisasi Papua Merdeka, Organização para a Libertação de Papua) declarou o país independente em 1971 e faz uma guerrilha contra os Indonésios. A OPM afirma agora controlar uma quarta parte do país e que o exército Indonésio controla apenas 10%. A OPM afirma também que 300 mil Papuas apoiam a OPM duma maneira concreta.

O exército Indonésio reage de maneira conhecida aos ataques dos guerrilheiros da OPM. Aldeias foram bombardeadas e a população assassinada. Segundo a Sociedade Británica Anti-Escravatura morreram pelo menos 200 mil Papuas pelas mãos dos Indonésios desde 1962. Um oficial do exército Indonésio que desertou e fez declarações ao jornal Expresso (23 de Julho de 1983) confirmou que os militares Indonésios praticam a tortura no Irián Ocidental, tal como no Timor Leste.

Portanto, a situação dos Papuas piorou consideravelmente durante os últimos vinte anos desde que a Indonésia domina o território. Quase ninguém quer saber destas coisas, como no caso de Timor Leste, por que não querem antagonizar um pais tão poderoso e rico em petróleo como a Indonésia.

Isto é muito triste.

Continua sendo ate hoje. Estamos agora em 2009. Veja o site de Papua Lobby.

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